sábado, 9 de abril de 2011

O que podemos aprender com a tragédia de Realengo?


Essa janela se abre para uma reflexão: o que tem por trás da tragédia de Realengo?
Acredito que para encontrar a resposta devemos olhar esse caso com compaixão. Quando comecei a estudar o budismo tibetano compreendi o significado da palavra compaixão, que até então eu achava que significava "sentir pena de algo",mas na verdade seu sentido está em se por no "lugar do outro",olhar com seus olhos, entender suas causas.

No caso de Realengo todos pensam e lamentam pelas vítimas,mas não nos damos conta que deveríamos também olhar com atenção para a dor daquele que todos
nomeiam como: psicopata,animal,etc.Mas como?Como pensar ou se por no lugar de um assassino?

Uma pessoa capaz de causar tanta dor e sofrimento só pode também estar com a sua natureza mental presa na masmorra do sofrimento, da dor e do desespero, masmorra que ele próprio construiu com a colaboração externa do preconceito social que não respeita aqueles que são diferentes.

O bullying pode ter sido o cimento que ajudou a cristalizar essa masmorra na mente de um jovem, e essa é uma possibilidade que não deve ser desprezada, pois nela está a possibilidade de encontrarmos muitas respostas que podem elucidar esse circo de horror que transformou uma escola no Rio de Janeiro,que poderia ser a escola em que eu trabalho,ou qualquer outra do nosso país,pois esse pesadelo pertence
a todos nós :o despreparo em lidar com as diferenças.

Ser negro,ser homossexual, ser religioso,ser tímido,ser estudioso,se abster de sexo,enfim, tudo que nos causa estranheza nos parece um crime e a punição é o desprezo, o preconceito e muitos vezes a agressividade.

Se quisermos realmente criar uma sociedade pacífica devemos nos educar a conviver com as diferenças tentando entendê-las. As escolas devem fazer parte disso deixando de ser repressiva , ditadora e abrir espaços para observações e reflexões que nos ajudem a entender toda diversidade humana com seus encantos e desencantos.