terça-feira, 22 de maio de 2012

Eu etiqueta

Trabalhei esse texto com minha turminha da 7ªA,surgiram reflexões interessantes,essa molecada me enche de orgulho!
Eu etiqueta Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência, Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua (Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago Para anunciar, para vender Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta Global no corpo que desiste De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal, Saio da estamparia, não de casa, Da vitrine me tiram, recolocam, Objeto pulsante mas objeto Que se oferece como signo de outros Objetos estáticos, tarifados. Por me ostentar assim, tão orgulhoso De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome noco é Coisa. Eu sou a Coisa, coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)

Medo

Há quem tenha medo que medo acabe. [Mia Couto]

Discurso

terça-feira, 15 de maio de 2012

Vazio agudo 1

vazio agudo ando meio cheio de tudo (PAULO LEMINSKI)

Vazio agudo 2

(

Bolero de Ravel

Essa é para relaxar aproveitando o friozinho e a chuva que cai insistentemente lá fora.

terça-feira, 8 de maio de 2012

SANTA CLARA CLAREOU

Não dia é dela mas tenho uma simpatia por Santa Clara e a música é simplesmente um primor,por isso a postagem,uma saudação:Salve Sta Clara!

sábado, 5 de maio de 2012

Os Presentes(crônica)

No sábado 31/03, o mesmo das jogadas boas, Miguel me pede para comprar presentes (comprar é o verbo que ele mais gosta de conjugar) para ele no próximo Natal e nós só estamos em março. - Papai, você compra um presente de Natal para mim e um para a mamãe? - Sim, Miguel, eu compro, mas o Natal tá muito longe. - Quando chegar o Natal você compra? - Compro, o que você quer? - Para mim um vídeo-game do Street fighter e para a mamãe você compra um Pato gel adesivo. - O que eu devo comprar para sua mãe? Não acreditei no que me havia pedido. - Um pato gel adesivo, ela quer um pra colocar no banheiro. - E ele sabe que você me pediu isso de Natal para ela? - Não, vou fazer uma surpresa. (Nailor Marques Jr)